domingo, 4 de janeiro de 2009

Tome posse do seu plano de vida

Acabo de concluir a leitura do livro “Quando Nietzsche Chorou”, de autoria de Irvin D. Yalom. Penso que muitos pontos poderiam ser discutidos acerca desta obra. Entretanto, nada mais me chamou a atenção do que seus pensamentos acerca de desejo, liberdade e escolhas. Em uma das discussões entre Josef Breuer (médico) e Nietzsche (filósofo), este último disse: “Não tomar posse de seu plano de vida é deixar sua existência ser um mero acidente”. É exatamente a partir desta frase, tentando relacioná-la com a tríade desejo-liberdade-escolhas, que gostaria de tecer uma pequena reflexão. Sabemos que, a cada dia que passa, a vida contemporânea oferece aos seres humanos mais e mais informações. A todo o momento, transmite-se (principalmente através da mídia), uma falsa sensação para as pessoas, de que existe uma série de caminhos para serem escolhidos, na busca da felicidade. Acredito que ela seja falsa porque, em linhas gerais, não dá, no fundo, opções de escolha. Várias academias, dietas, modelos de carro, cursos, modelos de roupa etc. Entretanto, apregoam que você tem de ser magro (a), você tem de ter um carro zero km, você tem de fazer tal curso, você tem de se vestir de tal forma e por aí vai... Será que escolhemos as coisas por nossa vontade, ou por força de uma cultura externa a nós? Será que estamos realmente livres ou, cada vez mais, reféns do que uma minoria pensa? Será que vivemos o nosso desejo, ou o desejo de alguns poucos que, sutilmente, escolhem por nós, para nós? Vivemos em uma era na qual estamos cada vez mais sendo escolhidos pelas situações, do que sendo escolhedores delas. Apesar disso, ainda podemos ser escolhedores de algumas coisas em nossa existência. As pessoas com que nos relacionamos, por exemplo e o que efetivamente queremos estudar são algumas delas. Se conseguirmos fazer essa crítica, “demitindo” de nossas vidas, pessoas que nos fazem mal, tentando uma, duas, três, ou sei lá quantas vezes, estudarmos algo que nos realize, já estaremos em um bom caminho. O que não dá, é, nas poucas vezes em que conseguimos ter autoridade sobre nosso desejo, abrirmos mão dele. Dessa forma, estaremos, de vez, assumindo, globalmente, um papel de marionetes na nossa própria existência. Assim, de acordo com Nietzsche, “sua existência passaria a ser um mero acidente”. E, cá entre nós, deixar a sua vida ser um acidente, é muito pouco, além de muito perigoso, certo? Portanto, tome posse do seu plano de vida, tome posse do seu desejo!
Um abraço fraterno,
Douglas Amorim