quarta-feira, 26 de junho de 2013

O QUE ESTÁ SENDO QUEBRADO? - MINHA ANÁLISE SOBRE A VIOLÊNCIA NOS PROTESTOS

Alguns canais de televisão estão mostrando, ininterruptamente, apenas as cenas de violência de um movimento que é, em sua maioria, pacífico. E também, estão colocando em um mesmo bojo, os manifestantes que saqueiam lojas e depredam propriedades privadas, e aqueles que tentam invadir palácios ou atacam qualquer coisa de propriedade do Estado. Historicamente, as revoltas populares elegem os palácios de governantes como alvos de ataques porque, em última análise, eles simbolizam o seu poder. As suas paredes são o símbolo concreto do poder que não mais é mais aceito. Seja o Itamaraty ou qualquer palácio no qual fiquem alojados câmaras e assembleias legislativas, seja em equipamentos estatais de qualquer natureza. Não é a mesma coisa que roubar uma televisão ou loja de telefones como aconteceu aqui em BH ou no Rio. Não é a mesma coisa que apedrejar uma loja particular. Esses oportunistas estão aí nas ruas roubando e quebrando casa haja ou não, as manifestações. Esses canais de televisão estão passando a imagem do que não é. Não; não é um movimento violento. Se analisarmos o número de feridos e de mortes, perante o número de manifestantes nas ruas, se concluirá que ele é ínfimo se comparado à multidão de insatisfeitos. Em grandes shows de rock, por exemplo, por vezes, temos mais feridos do que verificou-se até agora nas manifestações. O que está acontecendo, psicologicamente, é expressão de tudo o que está dentro das pessoas. É sentimento puro: raiva, indignação, insatisfação, coragem e mais uma série de outros.  Sentimentos esses traduzidos pelo seguinte recado aos governantes e partidos: vocês não me representam. A população se sente atacada, agredida diariamente pelo poder público, quando não há saúde decente, quando falta educação de qualidade, quando os governantes usam seus cargos exclusivamente para benefício próprio e uma série de coisas que nos colocam em último plano. E, quando nós, seres humanos, somos atacados, só há três possibilidades. Fugimos, apenas nos defendemos ou contra-atacamos. Fugir ficou fora de cogitação por obviedade. O brasileiro resolveu encarar a coisa de frente.  E, numa multidão de pessoas insatisfeitas, umas gritarão e cantarão para se defender e outras atacarão mesmo, quebrando símbolos concretos do poder dos governantes. Não se trata de defender esses atos. Trata-se apenas de dizer que a agressividade faz parte da natureza humana e que, em um conjunto tão grande de pessoas, esse comportamento estaria presente e estará ainda em muitas delas. Não tem nada a ver com nível intelectual, de politização ou de educação. Tem relação com o mal estar sentido quando se é agredido. Vide as últimas revoltas na França (país em tese mais politizado do que o Brasil), quando dezenas de milhares de carros que foram incendiados de norte a sul do país pela população revoltada. Não. Não são todos criminosos e vândalos. Na sua maioria, são pessoas que só querem o justo, o digno e o mínimo de respeito.

Um abraço fraterno,

Douglas Amorim
 
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

SOBRE OS PROTESTOS NO BRASIL

  1. Século XXI, Brasil. Eis que surge um movimento absolutamente novo para todos nós. Um movimento que nasce da insatisfação de muitos sobre vários aspectos. Um movimento que não está ao lado de Lula ou Dilma e, também, que não está ao lado de Fernando Henrique Cardoso ou Aécio Neves. Um movimento que não está filiado a nenhum sindicato específico. Na verdade, essa insatisfação existe muito antes de tucanos e petistas. Talvez exista, desde o famoso imposto QUINTO, ou seja, 20% de tudo que era extraído aqui e que ia para Portugal. Hoje, pagamos muito mais que um quinto. Só de imposto de renda, pagamos 27,5%, isso, sem contar o resto dos impostos. Pois bem. No meu modo de entender, essa é a manifestação mais genuína do nosso povo, que tive contato. Muitas são as bandeiras e as reivindicações. No entanto, tenho um temor. Um movimento dessa amplitude, sem liderança, pode ficar como uma nau a deriva. Com quem o governo (seja ele qual for, municipal, estadual, federal) irá conversar, debater, negociar? Fico com receio do levante popular não ir muito adiante, sobretudo porque as eleições estão muito longe de acontecer e, muitos nomes são severamente questionados, no momento. O grande aglutinador de pessoas têm sido as redes sociais. No entanto, milhões de pessoas reunidas sem organização, planejamento e definição clara de objetivos, corre o risco de ser tão somente, uma demonstração da insatisfação popular e não, um agente de transformação do país. Ou ainda, corre-se o risco da insatisfação partir para uma violência generalizada e que não resolveria nada.

    Um abraço fraterno,

    Douglas Amorim