quinta-feira, 22 de maio de 2014

O que a greve dos rodoviários de S.P. tem a ver com todos nós?

Pela imprensa, vi que o sindicato já havia entrado em negociação com as empresas e foi acordado um aumento de 10%. No entanto, a greve e as paralisações continuaram. Ou seja, quando o que é acordado pelo sindicato não é aceito pela categoria, surge algo perigoso: crise de representação.

Parece que os filiados não estão se sentindo bem representados pelo sindicato e se rebelaram contra ele. Não aceitaram o que foi acordado. Penso que vimos algo semelhante em junho do ano passado, no que diz respeito às manifestações. Na minha opinião, em última análise, o que houve naquela época foi uma CRISE DE REPRESENTAÇÃO.

Ou seja, a partir do momento em que os protestos não tinham nenhuma liderança política, o que estava estampado era a revolta com todos os políticos e partidos. Era como se as pessoas estivessem dizendo assim: "Ei, você político! Você não me representa! Nenhum de vocês me representa!". Aliás, vimos vários cartazes com esses dizeres.

Portanto, traçando um paralelo entre as manifestações de junho de 2013 e o que está acontecendo na questão dos rodoviários de São Paulo, tendo a acreditar que se trata da mesma coisa, porém, em menor escala. Assim como a grande massa não se sente representada pelos políticos e partidos atuais, uma categoria profissional (no caso, a dos rodoviários) não se sente representada pelo sindicato e se volta contra ele.

Pois bem. Se no sistema democrático, a representação é um dos seus pilares, penso estarmos diante de um nó difícil de ser desatado. Se ninguém se sentir mais representado seja lá por quem for e se virar definitivamente contra esses representantes (políticos, partidos, sindicatos etc.), onde iremos parar? Seria o fim da democracia no Brasil?

Qual caminho seguir se nossos modelos estiverem definitivamente esgotados? Sinceramente, não tenho respostas. A mudança mais do que nunca se faz necessária em nosso país. Mas qual o caminho? Abre-se espaço novamente para o discurso populista de um "salvador da pátria" ou pra algo mais crítico como uma ditadura? Se não for uma dessas vias, qual seria (ou seriam) outras possíveis? Volto a dizer: não tenho respostas. Mas tenho muitas, muitas preocupações sobre o que está por vir...
 
Um abraço fraterno,
 
Douglas Amorim